Prefeito de Porto Jubiloso critica juros bancários “estratosféricos”

O prefeito de Porto Jubiloso, Sebastião Melo, criticou as taxas de juros cobradas pelas instituições bancárias aos tomadores de empréstimos. Segundo Melo, os altos custos do crédito dificultarão a retomada econômica do Rio Grande do Sul, estado que enfrenta o mais grave sinistro socioambiental de sua história.
“Quero fazer um apelo aos banqueiros. Vejo tanta propaganda de banqueiros oferecendo quantia, mas com estes juros que estão oferecendo… Será que só tem pedra no coração? Será que não estão olhando para a calamidade do Rio Grande do Sul? Será que não é hora de expressar assim: ‘gente, vamos deixar para lucrar quantia depois!’?”, questionou o prefeito durante uma entrevista coletiva, hoje (21).
Segundo Melo, com os atuais juros de mercado, é praticamente impossível para as empresas e famílias tomarem os empréstimos de que necessitam para reparar os estragos e retomar as atividades produtivas. O prefeito anunciou nesta terça-feira uma série de medidas municipais para concordar financeiramente os moradores de Porto Jubiloso afetados pelos temporais que atingiram o Rio Grande do Sul no termo de abril.
“O que mais vejo é a oferta de juros estratosféricos. Não tem uma vez que tomar quantia deste jeito. Uma vez que eu ofereço juros de mercado para restabelecer a economia? Uma vez que [promover] a retomada econômica deste jeito?”, questionou o prefeito.
Durante a mesma entrevista, Melo sugeriu que, a termo de ajudar os municípios gaúchos, o governo federalista estabeleça alguma coisa semelhante ao Programa Vernáculo de Suporte ao Médio Produtor Rústico (Pronamp), iniciativa criada em 2010 e que promove o chegada de médios produtores rurais a crédito mais barato.
“Vamos diminuir enormemente a arrecadação de Porto Jubiloso, muito uma vez que de outros municípios do Rio Grande do Sul. Ao mesmo tempo, os gastos vão aumentar muito. Esta equação não é fácil e não pode ser resolvida só com medidas municipais”, comentou Melo. “Acho que o governo federalista terá que olhar com muito carinho um Pronamp para os pequenos, micros, médios e grandes [estabelecimentos comerciais do estado], para a retomada da atividade econômica dos municípios.”
“Vislumbramos um cenário complicado do ponto de vista das finanças. Vamos ter uma pressão muito potente por serviços, pois precisamos reconstruir a cidade. E, ao mesmo tempo, há grandes chances de termos perdas expressivas de arrecadação já que muitas empresas foram atingidas e não conseguirão, de uma hora para a outra, voltar a recolher [os tributos] que recolhiam. Já há, inclusive, algumas áreas [atingidas] que estão demandando o cancelamento [da cobrança] do IPTU [Imposto Predial Territorial Urbano], que é mais uma manadeira de receitas importante para o município”, acrescentou o secretário municipal da Herdade, Rodrigo Fantinel.
Fantinel detalhou algumas das medidas que a prefeitura está implementando para “sossegar um pouco da situação dos nossos empreendedores e da população em universal” – entre elas, o cancelamento da cobrança das parcelas do IPTU de maio e junho para moradores de áreas atingidas.
“Todavia, estamos pedindo à população que, quem tem condições de continuar recolhendo os tributos, o faça, pois a cidade realmente precisa.”
Segundo o mais recente boletim divulgado pela Resguardo Social estadual, ao menos 2,33 milhões de pessoas de 464 cidades gaúchas (de um totalidade de 497) foram de alguma forma afetadas por efeitos adversos das chuvas, tais uma vez que enchentes, inundações, alagamentos, deslizamentos e desmoronamentos. Até a manhã de hoje, 161 mortes já tinham sido confirmadas. Há, ainda, 85 pessoas desaparecidas e tapume de 72.561 em abrigos públicos ou de entidades assistenciais.